“Ama
com fé e orgulho a terra em que nasceste.”
Olavo Bilac
Ao povo de Maranguape
O presente opúsculo que ora a Prefeitura de Maranguape oferece aos seus munícipes, hoje dia 02 de setembro de 2005, por ocasião da entrega do prédio da Artística Maranguapense, totalmente restaurado, mantendo suas características arquitetônicas originais, constitui-se em mais um iniciativa, com o propósito de resgatar a memória do povo de Maranguape, nossos conterrâneos de ontem e hoje, que sempre se destacaram nos mais diferentes campos do saber.
Seja com o ícone da historiografia brasileira, o grande historiador Capistrano de Abreu, “a inteligência mais aguda e pronta que as letras brasileiras já tiveram a seu serviço nos domínios da historia”, na assertiva de Silvio Romero; na manifestação de crítico literário com Rocha Lima; já Djacir Meneses e José Bonifácio, ambos no campo da literatura; seja na carreira militar com o General Severino Sombra e Tenente Benévolo, este último um dos proclamadores da República ao lado dos marechais alagoanos Deodoro e Floriano Peixoto; ainda nas armas teve Maranguape, Aldo Bessa Cirino e Hermes Vieira Chaves e o oficial do exército Augusto Correia Lima, além do Cel. Leônidas Cabral Herbster, da Revolução Constitucionalista de 1932; nas artes plásticas com Raimundo Garcia de Araújo – Garcia – artista gráfico e cenógrafo de renome internacional, hoje com 90 anos de idade e de cujos trabalhos este ano já foram expostos em Maranguape; o que dizer na música com Manassés; e no humorismo com Chico Anysio; e Nelson Eddy de Menezes, violonista, com marcantes qualidades de regente; honra a magistratura cearense a desembargadora Huguette Braquehais; que ao lado de Adalgisa Acioly (agrônoma); Valéria Fernandes Vieira (engenheira), Lúcia Gomes de Matos Lemos (letras) e Edna Matos (história), foram as primeiras maranguapenses a concluírem curso superior pela UFC; no jornalismo com A.C. Mendes fundador do “Correio do Ceará” que ao lado de Antonio Baima, pontificaram no jornalismo cearense; na política temos o Cel. Antonio Botelho de Sousa, deputado estadual e Presidente da Assembleia Legislativa do Estado, além dos ex-deputados José Mário Barbosa e Alfredo Marques que muito contribuíram para o desenvolvimento de Maranguape; expoentes com o Dr. Argeu Herbster, cujo apostolado na Medicina ultrapassou as fronteiras do País; e ainda os médicos Sebastião Fernandes Vieira e Hélio Bessa; e Olavo Fernandes e Laerte de Paula, Airton Cirino e José Maria Nascimento Pereira, todos na medicina, o último com trabalhos no campo da psiquiatria; e Franci Pereira dos Santos a primeira maranguapense a formar-se em medicina e mais recente Maria Silva Sucupira; destaque-se ainda na matemática o primeiro maranguapense formando pelo ITA, engenheiro Telmo Bessa; na literatura com o farmacêutico e escritor Pedro Gomes de Matos, 1º biógrafo de Capistrano de Abreu; foi Maranguape ainda, terra berço da família Mavignieres, poetas de nomeada, com Olavo, José e Pedro e acolheu aqui o poeta maranhense Catulo da Paixão Cearense que na serra inspirou-se para compor sua mais célebre canção: “Luar do Sertão”; para o parnasiano Manuel Bandeira, a serra foi lenitivo onde buscou clima ameno para cura de sua tísica, quando esteve as margens do Pirapora; no campo eclesiástico temos o Padre Heitor Vieira Cavalcante e Monsenhor Mauro Herbster ambos responsáveis pela formação religiosa de várias gerações; chega hoje ao píncaro da carreira o economista Martus Tavares, ex ministro do planejamento do Brasil; ex-dirigente do Bird para a América Latina e Caribe, hoje emprestando seus conhecimentos a gestão do governador de São Paulo Geraldo Alckmin, na condição de Secretário de Planejamento e Gestão; e de tantos outros que aqui nasceram ou adotaram como sua terra, a exemplo do ex-senador Almir Pinto. Muitos outros que por ventura me foge a memória.
Maranguapenses, sinto-me honrado e com a consciência do dever cumprido. Como prefeito Municipal, entrego o prédio na certeza de que ele resgatará a memória de nossos antepassados e trará para o presente o que há de mais valioso para o ser humano; a formação cultural de seu povo.
Eduardo Mota Gurgel
Prefeito Municipal
Encontra-se enfim, completamente restaurado, o prédio da Artística Maranguapense. A denominação de “Sociedade Artística Maranguapense”, que constava no Art. 1°. Dos Estatutos, foi rejeitada por unanimidade na primeira reunião da Diretoria, em 14 de setembro de 1919, sendo, portanto, imprópria para referências à memória da entidade.
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Sociedade Artística Maranguapense |
Edifica-se uma Escola Pública
Plácido Aderaldo Castelo, em seu livro História do Ensino no Ceará, Impressa Oficial, 1970, assim descreveu o prédio edificado com essa destinação: “Casa térrea, edificada com tijolo e telha, está situada à Rua Major Agostinho, com três portas de frente, para ao lado do poente, numa extensão de 8m e onze portas na travessa Coronel Moura (Hoje Cel. Afro Campos), que ocupam o espaço de 66m50, frente ao sul. Foi construída com socorros públicos, nos anos de 1877 e 1879. Está avaliada em 2:000$00. FRENTES Anexas ao prédio da Escola Pública, pelo lado da travessa coronel Moura, estão umas frentes com 48m50 de extensão, as quais contêm vinte e uma portas. Foram levantas durante o período da seca de 1877 a 1879, estão avaliadas em 1:000$000”.
Quase nada se sabe do funcionamento dessa escola, mas o prédio que para ela foi construído viria se constituir em um importante equipamento cultural e de lazer da cidade.
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Pintura do prédio exposta na FITEC |
Como nasceu a Artística Maranguapense Domingos Façanha
Na primeira metade do século passado, Maranguape contava com um número de artistas suficiente para a ousada ambição de criar uma sociedade. Músicos, amadores de teatro, escultores, pelo menos um fotógrafo e outros profissionais de reconhecido talento, encontraram no então ourives
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Domingos Façanha, presidente da Artística |
Domingos Façanha (Foto) o líder capaz de tornar esse sonho realidade. Contava com parceiros do porte de Miguel de Moura Cavalcante (o Mourinha), José Ricardo Titara e Antonio da Silva Baima, entre muitos outros.
A Artística Maranguapense iniciou suas atividades em 14 de setembro de 1919, com a posse de uma diretoria provisória, tendo como presidente Domingos Façanha e como vice José Ricardo Titara. Até que seus associados conseguisse uma sede, o Prefeito Otávio Albino cedeu seu salão de honra. A eleição para a escolha dos dirigentes efetivos somente se realizou em 14 de dezembro do mesmo ano. A nova entidade contava com 31 associados. Para a presidência concorreram dois candidatos: Domingos Façanha e Luiz Cidrack Xavier. O proposto para orador oficial foi o único que obteve a unanimidade da escolha: o Dr. Virgílio Gomes de Oliveira foi votado por todos os 31 associados. Para os demais cargos, as votações apresentaram os seguintes resultados:
Para essa eleição, foram distribuídas 62 células, sendo 31 com o rótulo “1 chapa” e 31 com o rótulo “2ª chapa”.
Cargos
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Candidatos/
concorrentes
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Nº
de votos
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Presidente
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Domingos
Façanha
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30
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Luís
Cidrack Xavier
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1
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Vice
presidente
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Jose
Ricardo Titara
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30
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Belarmino
Bezerra Menezes
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1
|
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1°
Secretário
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Antonio
da Silva Bayma
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30
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Domingos
Façanha
|
1
|
|
2°
Secretário
|
Fenelon
Correia Mota
|
30
|
Jose
Júlio de Araújo
|
1
|
|
1°
Tesoureiro
|
Manoel
Ferreira Xavier
|
30
|
Jose
Júlio Araújo
|
1
|
|
2°
Tesoureiro
|
Belarmino
Bezerra Menezes
|
30
|
José
Ferreira Campos
|
1
|
|
Diretores
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Luiz
Cidrack Xavier, José Ferreira Campos, João Batista Bayma, José Júlio de
Araújo, Raimundo de Oliveira, José Felix Batista, Afonso de Araújo Lima, José
do Carmo Oliveira e Laurentino Ferreira Lima.
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A festa de posse da 1ª Diretoria
Foi num prédio alugado, de dois pavimentos, situado no canto sudeste da atual Praça Capistrano de Abreu, que a 1ª Diretoria foi efetivada no dia 6 de janeiro de 1920. A posse dos eleitos foi feita pelo Dr. Faustino de Albuquerque e Sousa, exercendo o cargo de Juiz Substituto, que presidiu a sessão. O Ten. Horácio Gomes da Costa representou o Prefeito Municipal. Compareceram também, para prestigiar o evento, o Cel. Sebastião Francisco Braga, Presidente da Câmara Municipal, Padre Joaquim Rosa, Vigário da Paróquia, todos os membros a serem empossados, inclusive os Diretores. Discursaram: Domingos Façanha, o Dr. Virgílio Gomes, Orador Oficial, Antônio da Silva Baima, Padre Joaquim Rosa. A sessão de posse foi finalizada com a palavra do Dr. Faustino, que desejou os melhores votos de prosperidade para a Artística.
Criação de uma Banda de Música e outras providências.
No mesmo mês foi criada uma banda de música, composta de dez membros da própria entidade. Os instrumentos foram cedidos pela Prefeitura, em face de sua banda se encontrar desativada. O artista Miguel de Moura Cavalcante teve a ideia de ser criada uma cooperativa entre os filiados, ideia depois reforçada pelo seu colega Natanael Silveira Brito. Não houve consenso e a proposta teve que ser adiada.
Os membros da Artística eram muito solidários entre si. Sempre que um deles se via em dificuldade, todos os demais procuravam encontrar uma forma de socorro que levantasse o colega. O número de associados crescia à medida que o tempo passava.
O Centenário da Independência do Brasil.
Enquanto o País estava se preparando para as comemorações do seu 1° Centenário, em 1922, os sócios e artistas Antônio da Silva Baima e Miguel de Moura Cavalcante, em reunião de 9 de agosto, propõem a construção de um monumento numa das praças da cidade, constando de uma coluna encimada com um busto do ex-Imperador Pedro I. Os recursos adviriam de uma subscrição popular, feita entre as pessoas da sociedade local. Mas faltavam menos de 30 dias para as comemorações e a ideia tornou-se inexequível. A confecção desse busto fora confiada a Antônio Baima.
O sonho do monumento a Pedro I não se concretizou, mas a Artística no dia da Independência promoveu uma brilhante solenidade, com a presença das mais expressivas personalidades do município e de Fortaleza, como o Prefeito de Maranguape Manuel Onulfo Câmara, vigário Joaquim Rosa, Frei Cirilo de Bergam, do Médico Leite Maranhão, Sr. Napoleão Leocádio de Lima, do Presidente do Tiro de Guerra Olavo César Guimarães e muitos convidados. O secretário Antônio Baima fez o discurso alusivo à data e na ocasião doou à Artística o busto do Imperador por ele confeccionado. Com o encerramento das atividades da Artística, esse busto voltou para a família e permaneceu sob a guarda de seu filho Mário Baima, que o doou para o Museu de Maranguape.
A sede definitiva para a Artística
O prédio edificado para uma escola pública encontrava-se ocioso em meados de 1924. A Diretoria da Artística vislumbrou que ali seria o local ideal para sua sede e seus propósitos. Além de espaço para reuniões, seria possível instalar um Gabinete de Leitura, um palco para atividades de teatro e uma pequena escola. Valendo-se do prestígio do então deputado Antônio Botelho de Sousa junto ao governo do Estado, Desembargador José Moreira da Rocha, os artistas conseguiram autorização apenas para a instalação de um gabinete de leitura, “a título precário”. Mesmo assim, a Artística Maranguapense para ali se mudou no ano seguinte e aos poucos foi conseguindo realizar todo seu projeto inicial, objeto do pleito. Em 20 de setembro de 1928, conseguiu, enfim, que o prédio lhe fosse cedido através da Lei n° 2592. Não foi possível identificar as razões por que tramitou um novo processo de doação do prédio por parte da União para o Município, evocando condições estabelecidas pela Lei Federal n° 4125, de 27 de agosto de 1962.
Teatro e cinema
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Foto do início dos anos 2000, antes da reforma do prédio |
A partir de então, começaram a ensaiar pequenas peças. Pouco tempo depois, um jovem maranguapense passou a se destacar como teatrólogo. A maior parte das peças encenadas na Artística vinha do talento de João Baima Filho. Mas não faltaram as apresentações de grupos teatrais de renome, vindos de Fortaleza. Até mesmo artistas do sul do país, quando, contratados para apresentações na Capital, eram seduzidos para visitarem os banhos da serra e vez por outra essa presença na cidade resultava numa exibição no palco do Teatro São José, para grande felicidade dos seus fãs na cidade.
Marcelo Costa (Teatro na Terra da Luz, Edições UFG, 1985) nos dá notícia do Grupo Admiradores de Talma, que funcionou em Fortaleza na Avenida do Imperador, de 1914 a 1918. Conta-nos que, em 1918, o Grupo "foi arrastado para o Grêmio Dramático Familiar, onde estrearam com Pena de Morte". Um grupo de amadores de Maranguape apresentou esse drama no palco do Teatro São José, na Artística, no dia 7 de agosto de 1938, com reprise programada para o domingo seguinte e com fins beneficentes. O grupo Admiradores de Talma havia inaugurado um outro teatro de Maranguape o Teatro Ideal, do Chico Moura, que se situava na esquina da mesma quadra, onde hoje está o Teatro Pedro Gomes de Matos.
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Foto do início dos anos 2000, antes da reforma do prédio
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Quando o cinema estava começando a se constituir na melhor diversão, o presidente Domingos Façanha logo adquiriu um projetor e criou o Cine São José. Vivia-se a época do cinema mudo, mas procurava-se minimizar esse silêncio com a participação de uma pianista, cujo ritmo da música variava de acordo com os movimentos das cenas. Era admirável sua habilidade no desempenho dessa missão. Ainda existem pessoas que a recordam esses tempos do cinema mudo. Dona Salaberga Torquato Gomes de Matos, viúva do escritor e jornalista Pedro Gomes de Matos Júnior, lembra com saudade esses bons tempos das atividades do cinema da Artística. Esse cinema sofreu um pequeno acidente, quando um rolo de filme que estava sendo projetado incendiou-se, causando um pequeno pânico na plateia.
Galeria dos artistas amadores da cidade.
As atividades teatrais em Maranguape não poderiam ter existido sem o entusiasmo de atores amadores. Foram muitos os que representaram no palco da Artística. Os nomeados a seguir, representam apenas um leque de amadores que engrandeceram as atividades cênicas no palco do Teatro São José: Algediva Acioli, George de Sousa, Helena Bessa, Humberto Correia Mota, Iracema Albino, José Edinaldo Medeiros, José Façanha, Laís Pompeu, Mário da Silva Baima, Mirtes Lopes, Nilo Campelo e Zelina Maia. Esta realizava bailados, festivais e também compunha peças.![]() |
Foto do início dos anos 2000, antes da reforma do prédio |
Quanto as muitas peças ensaiadas elevadas ao palco, apresenta-se aqui apenas uma amostragem, ressaltando-se a dificuldade de incluí-las num ou noutro teatro da cidade, pois, durante algum tempo esteve ativo o Teatro Ideal. As fontes nem sempre precisaram em qual deles ocorreriam as encenações, tornando-se esse fato um fator de risco para a aventura de uma citação sem a absoluta certeza. Cite-se, por exemplo, que chegaram a ser ensaiadas no palco da Artística algumas peças para serem levadas à cena no Teatro Ideal. De qualquer forma, podem ser citadas as seguintes: em 1° de “fevereiro de 1922, um grupo de amadores encenou Orgulho Abatido, em benefício da própria Artística. Rendeu Rs 151$500.
Uma escola noturna
Entre a diversidade de atividades da Artística, Domingos Façanha criou também uma escola noturna, que denominou Deus e Pátria. O Padre Heitor Vieira Cavalcante era o Inspetor Escolar da cidade e ministravam o ensino as professoras diplomadas Maria das Mercês Campos de Castro e Doralice Mendes Cavalcante. Eram auxiliadas pelo próprio Domingos Façanha e pelo artesão sócio Feliciano Ferreira de Melo.Movimentos políticos
Na Artística, não faltaram manifestações de cunho político. Um maranguapense Severino Sombra, funda em Fortaleza (23-08-1931) a Legião Cearense do Trabalho. Não poderia deixar de trazer para o palco da Artística a divulgação de suas ideias. Depois vieram e as reuniões promovidas pelas lideranças estaduais do Integralismo. Todas essas reuniões contavam evidentemente com a presença da sociedade e do pequeno operariado da cidade.![]() |
Foto do início dos anos 2000, antes da reforma do prédio |
A Artística Maranguapense existiu até por volta da década de 40 do século passado. Depois, o prédio ficou ocioso e passou a servir de depósito da Prefeitura e para salão de bailes carnavalescos. Também foi cedido para nele funcionarem cursos particulares. É oportuno que se diga que Domingos Façanha foi presidente da Artística até quase o final da entidade, dela se afastando por motivo de uma doença que o levou ao falecimento. Fora sua liderança que sustentara a sociedade de artistas, as atividades de teatro e de cinema, afora os movimentos políticos de que ele próprio era um dos protagonistas, inclusive disputando com o candidato Paulo Campos Teles as eleições que colocaram este à frente da municipalidade.
Uma Biblioteca Municipal
Na década de 60, a administração municipal intentou construir no local a Biblioteca Pública da cidade, com dois pavimentos. O projeto foi confiado ao autor deste histórico. Pronto, foi levado para Brasília pelo então deputado Paulo Sarasate. O prédio da antiga escola pública, por essa época, tinha passado à União, que fez a doação ao município através da Lei 4125, de 27 de agosto de 1962 (Publicada no Diário Oficial da União de 3 de setembro de 1962), com a destinação de nele ser instalada uma biblioteca. Não se sabe qual a destinação dos recursos previstos para a execução desse projeto, pois a biblioteca jamais teve suas obras sequer iniciadas. O local acabou sendo ocupado por uma marcenaria e outros pequenos artesãos.Integrante do Corredor Cultural
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Sociedade Artística. Foto: Júlio César Lôbo |
Com a criação do chamado Corredor Cultural, a Prefeitura local assumiu o compromisso de proceder sua restauração, com recursos do município e de outras fontes. Em 10 de maio de 2004 iniciaram-se os serviços, inicialmente pelo muro do lado da travessa Afro Campos, antiga Coronel Moura, que havia décadas se encontrava com forte inclinação, em risco de desabamento. Merece referência a engenhosidade como foi recuperado esse muro. A partir da base, foi feita a cuidadosa remoção da argamassa, que era de barro, ao mesmo tempo em que os interstícios entre as camadas de tijolos eram preenchidos com argamassa de cimento. A rua foi interditada. Os trechos do muro que estavam inclinados foram, assim, cuidadosamente levados a verticalidade com o uso de tirantes. Na extremidade nascente do muro, foram construídos pequenos quartos para abrigar os artesãos que ocupavam o prédio propriamente dito. Para acesso a esses quartos, foram vazadas as portas fingidas existentes do lado da Travessa.
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Sociedade Artística. Foto: Júlio César Lôbo |
Enfim, a partir do dia 3 de setembro próximo, data agendada para sua inauguração, servirá para sediar a Casa da Música, a Banda de Música Municipal e um novo teatro da cidade, com 134 assentos de fino acabamento. Esse teatro, ainda sem denominação, tanto se poderia chamar Teatro Domingos Façanha como Teatro Ioão Baima Filho, as duas grandes lideranças no exercício dessa atividade cultural no prédio da Artística Maranguapense.
Maranguape, agosto 2005.
Evandro de Holanda Carneiro
Presidente da Academia Columinjubense
de Ciências, Letras e Artes
Investimentos somam total de R$ 148.378,11
O Prefeito de Maranguape, Eduardo Gurgel, entregará hoje (02/O9/2005), à população desta cidade, o prédio da Artística Maranguapense, sede do antigo cinema mudo de Maranguape, casarão histórico totalmente restaurado e que abrigou o antigo cinema mudo antes do advento do cinema sonoro, às sessões cinematográficas eram animadas por um pianista que executava músicas de acordo com cenas projetadas e de cujas partituras acompanhavam a fita a ser exibida - com um investimento de R$ 148.378,11. Do total investido coube aos cofres da Prefeitura entrar com um montante no valor de R$ 44.513,43 (contrapartida). O restante proveio de recursos oriundos de convênio do Governo do Estado/Bird/Proares, totalizando R$ 103.864,78.
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Sociedade Artística. Foto: Pedro Feitoza |
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Sociedade Artística. Foto: Pedro Feitoza |
O prédio, um dos mais característicos da cidade, vai integrar o chamado Corredor Cultural, de cuja implantação teve início na administração do ex-prefeito Marcelo Silva, arquiteto de cuja sensibilidade, iniciou o processo de restauração dos prédios históricos da sede do município.
A obra concluída graças ao propósito da visão administrativa do atual prefeito Eduardo Gurgel, que não mediu esforços em firmar parceria com o governo do Estado, através da titular da Secretaria de Cultura, Cláudia Leitão e o apoio decisivo do deputado federal Raimundo Gomes de Matos, Secretário de Ação Social do Governo Lúcio Alcântara, que na condição de ex-prefeito e filho de Maranguape, propõem medidas que visam ao bem público, nos diferentes setores da pública administração. (Texto: Pedro Gomes de Matos, neto)
Fonte: Biblioteca municipal Capistrano de Abreu
Colaboração: Lairton Bezerra
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